terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Para lá

“Todos somos pó de estrelas”- Carl Sagan



Não me perdi.
Apenas me esqueci no tempo que passa entre palavras.
Delírios suaves que banham, como orvalho, os sonhos que outrora se estenderam no cosmos,
Estendo o olhar e os sentidos, no cansaço eufórico da descoberta. Porque são os sonhos que nos levantam metaforicamente do chão, levando-nos pelo horizonte que se afunda no cessar da aurora.

E saber que há mar para lá do horizonte, é saber a mar para lá do horizonte.

Respiro. O ar queima em golfadas, estendendo-se pelo bronquíolos e pelos alvéolos e fundindo-se no sangue que passa.
Despertando o corpo em aguilhoadas, furores prementes que correm os nervos.
Pressinto as moléculas correndo alucinadas entre as células, os tecidos contraindo-se em espasmos rubros, o corpo balançando ao sabor do impulso, da maresia , como o sangue que se esvai do coração pelas veias , canais carnais que percorrem o corpo .

E enquanto aprecio o movimento interno, ouço o murmúrio da luz que ondeia entre as partículas, frestas de um nada.

Canto das estrelas,
Música que me chega trazida pelo vento solar.

Porque as estrelas cantam enquanto esculpem a matéria.
Matéria de sonhos. Matéria de vozes.

domingo, 10 de fevereiro de 2008

Aforismo

O único prazer de um mistério reside na maravilha da descoberta.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Constatação

A minha religião é viver.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Amar o Mar

Sei a chuva que cai sobre o mar.
Estende-se a calçada para as ondas que revolvem a areia pálida.
Sentem-se os barcos, sonhos correndo na brisa das águas.
Ouve-se o canto da maresia, ritmo lento que rasga os gritos do cais e compassa com a agonia das gaivotas, rapinando peixes que trespassam o tumulto das correntes.
As nuvens, desfazendo-se no céu azul claro, deixam as últimas gotas desamparadas diluir-se no reflexo verde e branco.
E a Luz baila por entre o ar em raios que sulcam os ventos celestes, brilhando por entre o infinito, numa visão sem limites e sem palavras.
E continuam os barcos, ao longe, pequenos pontos opacos recortando a ternura furiosa das marés.

Navegar é preciso, viver também é preciso.

Nasce

Nasce um novo dia, amaciado pela noite , pelas nuvens e pela luz que ondula dos candeeiros eléctricos.

Mas o azul-claro desponta, enleado no carmesim de um sol nascente.