sábado, 11 de setembro de 2010

Apontamento para a libertação (variação)

A Poesia, como uma ponte entre nós e o mundo

media os silêncios entre as palavras,

reconstruindo, hora a hora, passo a passo,

pequenos intervalos que nos permitem ser gente.


A Poesia, como uma ponte entre nós e o mundo,

recria uma Língua entre o rugido branco,

devolve o sentido ao mundo e às canções.


Devolve as palavras às palavras.


A Poesia,

como uma Ponte entre nós e o mundo,

Liberta-nos, irrevocavelmente, da servidão.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Mr. Cohen

Foi na tua palavra que se fez o mundo.


Pela tua canção desfilam as mulheres,

as nuvens,

a solidão.


Na tua voz desdobram-se as sombras,

o Amor fugindo entre quatro paredes.


There ain’t no cure for love.


Suzanne espera-te

no fim do mundo

junto ao rio

Com o seu corpo

Estendido no orvalho.


As laranjas germinam na China.

E os teus poemas pairam sobre a paisagem.


PS: Por esta hora, Leonard Cohen canta no Pavilhão Atlântico.

Posso não ver a sua voz, mas ouço as suas palavras.


quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Parecendo que não, este blog ainda está activo. Novidades para breve

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Aforismo

Porque a nossa única certeza é este frenesi de viver.

domingo, 25 de abril de 2010

Apontamento para lembrar o 25 de Abril de 1974

Há 36 anos o povo nasceu de novo,
A Liberdade saiu à rua ,
Vermelha ,
Estonteada.

Há 36 anos,
No dia 25 de Abril de 1974,
O mundo clareou um pouco mais,
No lugar de um facho
Um sol.

Há 36 anos houve razão para sorrir.

Mas a Liberdade não é eterna
Nunca podemos parar de lutar.

25 de Abril sempre,
Fascismo nunca mais!

domingo, 21 de março de 2010

Aforismo

No dia da Poesia, celebremos a realidade.

domingo, 14 de março de 2010

Biblioteca

Tenho apenas na biblioteca
As mãos sujas de palavras
A tinta esvaindo-se lentamente.

Tenho apenas na biblioteca
Todos os mundos,
Todos os
Nomes,
Todos os países
desfilando
no olhar.

Tenho apenas na biblioteca
Toda a esperança deste mundo
Reconstruída no papel
acabado de tecer.

Tenho apenas na biblioteca
pena das árvores
que acabaram de morrer.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Apontamento para imaginar um olhar


Uma falua clara

vinha de Istambul
galgando os limiares
entre o mar e as ilhas.

Desprendia na água o fervor
o sabor
a pimenta
e açafrão,
as línguas
corriam suavemente.


Também tu vieste de Istambul
nesse barco,
passeando no convés entre os trabalhos

A água subia-te
doce,
pelos pés

e

As rosas de Cabul
prendiam-se no teu olhar.


Inspirado em " Maio Maduro Maio" por Zeca Afonso.

domingo, 31 de janeiro de 2010

Lisboa

Poema sujeito a modificações

Li muito e aprendi pouco na tua voz

Como no dia claro,
Aquela vez em Lisboa em que ouvimos os gritos,
O ressoar da cidade, descendo íngreme até ao rio.

Lisboa é uma cidade bonita ao sol,
Pelo brilho das ruas brancas, do Tejo
Os eléctricos que passam de quarto em quarto de hora,
O dia caindo lentamente,
a luz.

E os poetas que passam,
anónimos,
correndo pela rua,
fugindo dos carros.

Apontamento mitológico.

Apenas Ícaro viu as naus
Na sua queda atordoante


Apenas Ícaro viu as naus que voavam
Rente ao mar
Quando abraçou o seio de Tétis
e as Nereides,
E sentiu como um homem pode cair do sol.

Dédalo, enfim,
Partiu.


Criado a 1 de Dezembro de 2009.
Corrigido hoje