segunda-feira, 13 de outubro de 2008

A Procura

Este poema é uma memória.


A Procura


Queres sonhos
gastos
por passarem em milhares de olhos.

Palavras usadas
perdidas
vazias.

Queres enchê-las com
a matéria
das tuas próprias
ambições.

Ambições roubadas
escondidas
vindas de um tempo
em que as palavras ainda
faziam sentido.

Em que não valia a pena
questionar.

Sempre valeu a pena questionar.

Sempre valeu
a
pena
perguntar ,buscar
aprender e
compreender.

O caminho mais fácil
é aquele que te leva
a lugar nenhum.

Por isso
te ofereço
apenas
(apenas?)
a vida.

Começa por aí.

domingo, 12 de outubro de 2008

Sobre a igualdade

Da igualdade.

Muito recentemente, o parlamento chumbou uma proposta de legislação criada pelo BE e pelos Verdes, com vista a legalizar o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Este chumbo é, sem dúvida , uma desonestidade política, principalmente da parte do PS, fundado com base nos princípios socialistas de igualdade e liberdade. Não só isto, como a própria necessidade de se legislar sobre um direito assegurado na constituição (o de igualdade entre sexos e de anti-discriminação ) é só por si uma aberração ultrajante que nunca deveria ter sido verificada.

Como é natural, os sectores conservadores, nomeadamente os religiosos, opuseram-se energicamente ao casamento civil. Esta oposição, justifica-se, segundo eles, porque a homossexualidade é “contra-natura”.

Quando ouço esta expressão fico espantado. Não só porque existem fortes evidências científicas que indicam que a preferência sexual é química e geneticamente determinada, mas porque não consigo perceber como é que uma preferência ou uma propriedade que existe na realidade, e sem ser necessária intervenção humana (mesmo que fosse, se é verificável na realidade, é porque é natural) pode ser considerada anti-natural.

O conceito de natureza é uma generalizações personificativa, ou seja, uma metáfora que engloba e dá um carácter consciente a vários processos, leis físicas e seres vivos que , estando ligados entre si, não fazem necessariamente parte desse ser.

A Natureza, por si, não existe, é apenas um conceito que engloba tudo os seres humanos pensam que transcende a realidade, ideias como deus, a alma e a reencarnação. Logo, a homossexualidade é natural, assim como a heterossexualidade, a bissexualidade e a assexualidade. Tudo o que existe é natural.

E mesmo que, como continuam a defender alguns fanáticos, a orientação sexual fosse uma escolha que se pudesse reverter, não entendo porque é que se teria de o fazer, porque é que consideram a homossexualidade um “comportamento” tão hostil e danoso. Todas as pessoas são iguais, têm os seus sonhos e desejos, os seus pesadelos e virtudes, não sendo um aspecto como a orientação sexual um factor que influencia profundamente o carácter de uma pessoa . E mesmo que o seja, todas as pessoas têm direito à liberdade e à igualdade, não tendo de modelar as suas opiniões apenas porque um determinado sector da sociedade se sente estupidamente ameaçado pelo seu modo de vida. Perceber-se-ia se esse modo de vida lesasse a sociedade, os outros seres humanos (como se fossem delinquentes ou assassinos) mas é óbvio que não o faz.

Todas as pessoas têm direito à felicidade e a um tratamento igual perante a lei, independentemente dos seus valores sexuais, espirituais, morais ou políticos.

Infelizmente, possuímos um governo que se preocupa mais com as sondagens do que com os ideais sobre o qual foi instituído; Ideais e princípios necessários para uma vida feliz e harmoniosa em sociedade, e pelos quais todos nos devíamos manifestar. Quando negam um direito fundamental (um direito de partilhar, legalmente, a nossa vida com a pessoa que amamos) a um certo grupo de pessoa, apenas por serem homossexuais, não negam esse direito só a eles, Negam-no a toda a sociedade.