domingo, 9 de março de 2008

Para Sempre

Perco-me por entre as linhas que rascunham a sala.
Por entre os interstícios, cantos esquecidos na poeira e na cinza , entrevejo o ar que flutua errante, os dias que renascem do passado, a névoa de pensamentos perdidos deslizando dos olhos para o vazio do tempo, como o fogo que se apaga em fumo enleado na brisa que se precipita de encontro ao solo –partículas que chovem em rios prateados.


Quero contar o que existe, e sei tão pouco do que existe.

E fecho os olhos, num impulso eléctrico.
Recordo o mundo que se estende para lá, infinito suave que acaba nas ondas estelares lançadas ao vento.
E os sonhos fogem, correm na busca perpétua da aurora que se escapa por entre os dedos cansados – grãos de areia engolidos pelo fim do horizonte.

Mas há vida para lá do horizonte.
Outros sonhos. Outras mágoas.
Outros brilhos. Outras estrelas.
Outra luz que dança por entre outras folhas que cantam à lua que passa.

Porque o infinito é sempre mais que o infinito.

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