segunda-feira, 14 de julho de 2008

Reflexão inconstante

Há, por entre os sonhos esquecidos, aquele encanto ledo e frágil, quase efémero, como o orvalho que se esquiva das ervas espraiadas pelos jardins da cidade. Quando lembrados neste alvor de aurora, recordam-nos o que fomos e o que somos, ou seja, edifício de emoções, pensamentos e memórias que fomos empilhando ao longo da nossa história:

Como uma cidade em constante mudança, ora crescendo ora encolhendo, consoante a hora do dia ou da noite, transformamo-nos e reorganizamo-nos, de acordo com as exigências do dia e com as necessidades do ser.

Mas existem aquelas alturas em que voltamos aos sonhos esquecidos, aos sonhos que foram relegados para alturas mais oportunas. Por vezes e espantamo-nos com diferença que sentimos, com o tempo que passou.
Sentimos uma solidez por os nossos sonhos serem agora mais reais, já quase concretizados. Como na altura em que éramos crianças e queríamos ser grandes, crescidos.

Agora já somos grandes.
Crescidos.

Homens e Mulheres na flor da idade.

Noutras alturas, conciliamos o sonho com a realidade, com um sorriso que ilumina o dia, como a madrugada entrando pelas festas das casas adormecidas. Atingimos o nosso objectivo, através da inteligência, paciência e da necessidade de querer.

Como este texto, por exemplo. Era um sonho esquecido, adiado pela falta de tempo e vontade. E de repente, como quem não quer a coisa, sai assim, quase ininterruptamente, como um suspiro de alívio ,
uma lamentação contente e inconstante.

Em suma,
uma lamentação feliz.

Há sempre sonhos na vida das pessoas. Mais do que um, normalmente.
E continuo a pensar que a melhor forma de viver é transformar em sonho a vida que se leva e as coisas que se fazem.

Gozar a vida, pois somos a vida que fazemos.

Pois, para não desperdiçar um segundo, não podemos pensar em como poderia ter sido, mas sim que, como foi, foi bastante bom.
E, se não foi bom, tornamos o próximo ainda melhor.

Enfim:
Carpe diem , porque és ele.

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