terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Para lá

“Todos somos pó de estrelas”- Carl Sagan



Não me perdi.
Apenas me esqueci no tempo que passa entre palavras.
Delírios suaves que banham, como orvalho, os sonhos que outrora se estenderam no cosmos,
Estendo o olhar e os sentidos, no cansaço eufórico da descoberta. Porque são os sonhos que nos levantam metaforicamente do chão, levando-nos pelo horizonte que se afunda no cessar da aurora.

E saber que há mar para lá do horizonte, é saber a mar para lá do horizonte.

Respiro. O ar queima em golfadas, estendendo-se pelo bronquíolos e pelos alvéolos e fundindo-se no sangue que passa.
Despertando o corpo em aguilhoadas, furores prementes que correm os nervos.
Pressinto as moléculas correndo alucinadas entre as células, os tecidos contraindo-se em espasmos rubros, o corpo balançando ao sabor do impulso, da maresia , como o sangue que se esvai do coração pelas veias , canais carnais que percorrem o corpo .

E enquanto aprecio o movimento interno, ouço o murmúrio da luz que ondeia entre as partículas, frestas de um nada.

Canto das estrelas,
Música que me chega trazida pelo vento solar.

Porque as estrelas cantam enquanto esculpem a matéria.
Matéria de sonhos. Matéria de vozes.

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