quarta-feira, 4 de junho de 2008

Sonho de um dia de Verão

Recortamos o Sol por entre as nuvens, ao entardecer.
Enquanto a cidade caminha lentamente, observamos a luz que desmaia, iluminando a poeira que baila por entre os entalhes do ar.
É um daqueles dias em que se vence a chuva e se volta a imaginar o Sol na sua verdadeira imponência, uma esfera em fogo, enérgica e dinâmica, revolvendo-se e queimando-se interminavelmente.
Em que se volta a imaginar as reacções no núcleo, transformando a matéria e libertando toda a energia que nos domina.

E nos maravilhamos com o que existe.
E nos voltamos a maravilhar com o que realmente existe.


E enquanto vagueamos por entre a luz derramada, talvez sentados num banco ,com a brisa que nos anima, ou à beira da corrente de um rio que se enleia por entre as pedras e o cheiro a maresia, sentimos o que realmente somos, e isso enche-nos com a calma , os sonhos e o prazer que se esconde por detrás das preocupações.
E sabemos que não precisamos de mais do que o que existe e o que é, e que o mundo, todo o espaço universal, não tem propósito, nem consciência, mas faz sentido e é belo.


E entendemos que perceber o que existe é adorar o que existe, e que todas as explicações reais são melhores que as inventadas. Percebemos que o Sol ser o que é o Sol não lhe tira imponência nem poder, e que o Homem ser o que é o Homem, não ser o fim nem o centro de nada , não nos tira a importância que sentimos.

E que estar tudo ao nosso alcance nos dá o poder de mudar o mundo.

Continuamos a
Recortar o Sol, ao entardecer,
por entre o deslizar das palavras.

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